O
Islã no Brasil conta com 27.239 seguidores, segundo dados do censo demográfico de
2000 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
[1] Porém, algumas instituições islâmicas brasileiras consideram esse número muito mais superior. A Federação Islâmica Brasileira fala em torno de 1,5 milhão de fiéis do Islã e estima que 50
mesquitas e mais de 80 centros islâmicos estão espalhados pelo país.
[2]
No censo anterior, de
1991, o IBGE não tratou o islamismo de maneira isolada, estando os muçulmanos incluídos na categoria de "outras religiões", um grupo que englobou quase 51 mil brasileiros.
-
A maior parte dos muçulmanos brasileiros vivem nos estados de
São Paulo e
Paraná, mas também existem comunidades significativas em
Mato Grosso do Sul e
Rio Grande do Sul. Grande parte desses muçulmanos são descendentes de imigrantes
sírios e
libaneses que fixaram residência no país durante a
Primeira Guerra Mundial. O Brasil também recebeu uma quantidade significativa de refugiados dos
conflitos entre israelenses e palestinos, da
Guerra do Líbano de 1982 e dos recentes
conflitos no Iraque.
A convergência de imigrantes
árabes para a fronteira do estado do
Paraná com o
Paraguai fez com que a região, especialmente a cidade de
Foz do Iguaçu, seja um dos locais de maior concentração de muçulmanos no país.
Na
cidade de
São Paulo existem cerca de dez mesquitas, dentre as quais a Mesquita Brasil, na Avenida do Estado (centro da cidade) – cujas obras de construção começaram em
1929 e que foi a primeira mesquita edificada na
América Latina.
[editar] História do islamismo no Brasil
- Ver também: Escravidão no Brasil
O islamismo na
África subsariana repercutiu de forma indireta na
história do Brasil colonial, uma vez que muitos
escravos trazidos ao país praticavam o islamismo. A maioria desses escravos exercia atividades agrárias, mas os escravos das áreas urbanas ultrapassaram o limite da relação com seus senhores, entrando em contato com diferentes grupos sociais, fazendo com que o islamismo se propagasse mais rapidamente. No contexto urbano, os escravos muçulmanos se diferenciavam dos demais por não aceitarem a imposição religiosa de seus senhores. Os senhores convertiam seus escravos ao
catolicismo através do
batismo, ignorando as crenças dos mesmos, mas isso contribuiu para que os muçulmanos ficassem ainda mais unidos em sua prática religiosa.
Em
1835, os escravos muçulmanos organizaram a
Revolta dos Malês, na
Bahia contra a escravidão. Alguns historiadores assinalam a notável organização do movimento, de modo que pode ser constatado o
Jihad Fi Sabilillah ("esforço pela causa de Alá") durante a revolta. A revolta foi importante para o enfraquecimento do sistema escravocrata, mas seus principais líderes, quando capturados em batalha, foram devolvidos ao continente africano, pois os militares temiam que caso fossem mortos a fé dos combatentes aumentaria.
Antes de chegar ao Brasil,
Heitor Furtado de Mendonça, padre português e primeiro inquisidor oficial em terras brasileiras, visitou colônias portuguesas na África, onde identificou os procedimentos religiosos dos nativos daquele continente, tendo adentrado pelo Reino de
Benin, que, mediante aliança político-comercial com
Portugal, serviu de porto para o comércio de escravos. Já no Brasil, Furtado assinalou os costumes dos "maometanos" (seguidores de
Maomé), tais como a oração de
Salatul Juma, o não-consumo de carne ou gordura de porco e de bebidas alcoólicas, a escrita de caracteres árabes e a leitura de livros como o
Alcorão.